Homicídios causados por brigas de trânsito no Brasil

Olá, aqui é o Professor Rodrigo Ramalho e neste post vou falar um pouco sobre os homicídios no trânsito por brigas de trânsito. No Brasil, a expressão “violência no trânsito” é comumente utilizada para se referir às mortes e lesões causadas por acidentes.

No entanto, é necessário considerar uma nova categoria de problema urbano que se agrava: as brigas de trânsito. Embora estatísticas oficiais sejam escassas, a dimensão do problema já é perceptível no cotidiano do brasileiro.

A escalada da violência urbana ganha a cada ano, contornos mais tensos. Há muitos anos venho colecionando pesquisas sobre brigas e homicídios no trânsito, e em uma delas, demonstro a do Instituto Real Time Big Data, que em 2022 identificou os principais motivos de conflito entre os condutores brasileiros: ultrapassagem indevida (20%), seguida por condutores que não sinalizam conversões (18%) e pelo estresse do dia a dia (10%).

O estudo revelou que 43% dos entrevistados já tiveram um ataque de fúria no trânsito e 45% já presenciaram uma briga. Esses números mostram que o problema está muito mais presente na rotina da população do que pensávamos.

Homicídios

Homicídios no trânsito com veículos e armas de fogo

As brigas de trânsito são conflitos violentos que começam com uma simples buzina, pequenas colisões e discussões, mas podem terminar em agressões e até homicídio.

Apesar de não haver estatísticas oficiais, uma reportagem do Fantástico em 2020 divulgou pelo menos, 39 mortes envolvendo brigas de trânsito em 2019, um cenário agravado pelo aumento de aproximadamente um milhão de armas vendidas legalmente nos últimos 5 anos.

Não só o Brasil enfrenta este desafio, acompanho também este fenômeno em outros países como o Estados Unidos, onde esse fenômeno é chamado de “road rage“, segundo a Everytown for Gun Safety, uma pessoa é baleada a cada 18 horas em conflitos no trânsito.

Ciclo vicioso de raiva gera violência no trânsito

Agora, preste bem atenção a essa história com um desfecho surpreendente e chocante. É o caso do motociclista Luan Henrique Bonifácio, assassinado em 5 de março de 2024, na Zona Leste de São Paulo após uma briga de trânsito.

Ele ilustra como uma simples discussão pode desencadear em um ato criminoso. Imagens de câmeras de segurança registraram o piloto e um motorista discutindo. Em seguida, alguns clarões aparecem no vídeo e Luan, que estava na moto, andou por alguns minutos e caiu em frente à fábrica da família, onde trabalhava.

Uma outra câmara flagrou o momento em que o motorista do carro, de onde partiram os disparos, fugiu em alta velocidade. Neste episódio não houve um confronto corporal, as imagens mostram os dois apenas discutindo.

A raiva no trânsito promove um ciclo de violência que pode não ter fim, com o inquérito em andamento, os familiares da vítima, movidos pela dor e pela busca por justiça, conduziram uma investigação independente. Durante 13 dias, através de registros de câmeras de segurança, eles identificaram e localizaram o autor dos disparos.

O ex-policial Abel Silva se apresentou à polícia, mas foi liberado para responder por homicídio simples em liberdade, o que intensificou o sentimento de injustiça entre os familiares de Alan.

A raiva, que impulsionou o primeiro homicídio, gerou uma nova onda de violência. Em 15 de abril de 2025, Abel Silva foi atropelado no estacionamento de um shopping e morreu. Câmeras de segurança registraram o momento em que o carro o atropelou, deu a ré e passou novamente por cima de seu corpo, resultando em sua morte no local.

A investigação da polícia aponta para uma motivação clara: o dono do carro, Osvaldo Bonifácio de Jesus, é o pai de Luan Henrique Bonifácio, o jovem que Abel matou em março de 2024. 

Os principais suspeitos do crime são o pai e o irmão de Alan. Essa segunda morte, aparentemente uma vingança pelo crime inicial, fecha um ciclo devastador.

A história é uma prova de que a raiva no trânsito não é apenas perigosa; ela pode gerar uma energia de vingança que perpetua a violência, transformando a vida de todos os envolvidos em uma saga de destruição. Assista ao vídeo com mais detalhes sobre este caso. 

 


Homicídios

Trânsito brasileiro: um reflexo da crise de saúde mental

O estudo, intitulado “Violência no trânsito: emoções negativas dos condutores impactam a segurança viária, causam conflitos e afetam a saúde física e mental de toda a sociedade”, propõe uma análise aprofundada de como as respostas emocionais desencadeiam uma perigosa cadeia de risco, impactando não apenas a segurança, mas a saúde física e mental de todos os envolvidos. 

Publicado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), o artigo do Professor Rodrigo Ramalho mergulha na complexidade do comportamento humano, detalhando como sentimentos como raiva, frustração e impaciência se transformam em comportamentos de risco que está devastando o trânsito do Brasil.

Acesse o estudo completo na página oficial do OBSERVATÓRIO: www.onsv.org.br

 

 


Educação Emocional no Trânsito

Esses fatos demonstram que a educação tradicional de condutores, focada apenas em regras e legislação, já não é suficiente para a realidade das nossas vias. É necessário um novo paradigma que aborde a causa-raiz do problema.

Nesse contexto, a Educação Emocional no Trânsito surge como uma ferramenta urgente para desenvolver habilidades como autopercepção, autocontrole e empatia. Somente através da conscientização e do preparo emocional será possível reverter essa escalada de violência e construir vias mais seguras e pacíficas.

 

 

Essa metodologia ensina os condutores a gerenciar as emoções no trânsito, a reconhecer os gatilhos da raiva e a reagir com mais calma e empatia. A EET apresenta-se como um processo de desenvolvimento de habilidades emocionais para todos os usuários das vias – condutores, motociclistas, motoristas profissionais, ciclistas e pedestres.

Não apenas levanta o problema, mas propõe a solução! Sua finalidade é clara e ambiciosa: contribuir para a prevenção de infrações, sinistros, conflitos violentos e os severos impactos na saúde física e mental dos condutores. 

  • É sobre aprender a controlar sua impulsividade;
  • É sobre fomentar o respeito mútuo nas ruas;
  • É sobre construir um trânsito onde a vida seja sempre a prioridade.

Para saber mais, leia o artigo: O que é Educação Emocional no Trânsito?

Te aguardo no próximo post.

Professor Rodrigo Ramalho

 

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